segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O impacto da alimentação na terceira idade

Uma alimentação de qualidade deve ser mantida ao longo da vida e também na terceira idade para evitar problemas como sarcopenia e deficiência nutricional.
Para garantir um envelhecimento bem-sucedido, as escolhas devem começar durante toda a vida, pois assim não resumiremos nossa passagem em ver o tempo passar. Com certeza, quando jovem, você ouviu conselhos como “evite bebidas alcoólicas”, “pratique atividade física”, “faça um check up”, “não fume”. Todos esses conselhos não eram à toa.
Com o aumento no ritmo de envelhecimento da população brasileira, torna-se fundamental planejar e desenvolver ações de saúde que possam contribuir com a melhoria da qualidade de vida dos idosos brasileiros. Dentre essas ações, estão as medidas relacionadas a uma alimentação saudável, que devem fazer parte das orientações trabalhadas pelos profissionais de saúde à pessoa idosa e sua família.


É importante estar atento ao contexto das mudanças que ocorrem no corpo com o avanço da idade e no ambiente em que os idosos vivem, seja ele doméstico ou institucional. Essas alterações podem ter implicações no processo de compra, preparo, consumo e aproveitamento dos alimentos pelo organismo desse grupo de pessoas.

As mudanças que ocorrem no corpo estão relacionadas a alterações na função hormonal, no metabolismo energético, o que afeta a necessidade de nutrientes e na perda de massa muscular (sarcopenia) e força, levando a problemas de equilíbrio, queda e fraturas. A sarcopenia atinge 40% da população acima de 65 anos e 60% dos indivíduos com mais de 80 anos.


Estratégias para reduzir essas alterações
 
Algumas estratégias como a prática de exercícios físicos, abordagem nutricional e, quando necessária, suplementação, podem diminuir os efeitos da perda muscular. A utilização da suplementação de vitamina D e ômega-3, vem se destacando e mostrando benefícios para a saúde do idoso. Outro ponto dito é a alimentação. Nessa fase, os idosos têm maior resistência em consumir proteínas, que auxiliaria na construção muscular.

O comprometimento progressivo do olfato e paladar, levam os idosos a se desinteressar por doces e salgados. A produção de saliva também é reduzida e aparecem as dificuldades no processo de mastigação e deglutição, que causam impacto significativo na quantidade e qualidade da ingestão do alimento. Além disso, a presença de doenças crônicas pode levar a restrições dietéticas, que associadas ao uso de diversos medicamentos, reduzem o apetite ou interferem na absorção de vitaminas e minerais.


Deficiência de nutrientes
 
Segundo dados do Inquérito Nacional de Alimentação como parte da POF, em 2008-2009, há uma prevalência de ingestão inadequada de nutrientes na população idosa. Os resultados mostraram prevalências de inadequação das vitaminas E, D, A, piridoxina e dos minerais cálcio e magnésio em ambos os gêneros.

A deficiência de zinco, por exemplo, prejudica o sistema imunológico e facilita o aparecimento de infecções. A perda de paladar também é um sintoma da deficiência, o que dificulta ainda mais a ingestão de alimentos fonte de zinco. De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, uma alimentação saudável deve ser acessível do ponto de vista físico e financeiro, variada, referenciada pela cultura alimentar, harmônica em quantidade e qualidade, naturalmente colorida e segura sanitariamente.


Fonte: Veja

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Feliz Natal: Presenteie Quem Você Ama!


Nova geração de idosos mostra que estar na 3° idade não significa ser velho

As mãos de Antônio Soares marcam o tempo. Sentado em uma cadeira de plástico na varanda de casa, ele usa a mesa como apoio para o batuque. Se não tiver a mesa, a baú da máquina de costura é a opção. Como bom sambista, sabe ser impossível controlar o tempo, que teima em seguir seu próprio rumo. Mas Soares sabe também que, na maciota, ele pode ser um aliado. Assim dá para ditar o ritmo, arranjar um compasso e seguir uma cadência, como o sambista tem feito ao longo dos seus 80 anos. Para cada pergunta, uma marchinha preparada na ponta da língua.

 O casal Antônio e Marilene Soares mantem a rotina cheia de atividades. "Vou a festas, faço academia. Não paro", conta ela.
O casal Antônio e Marilene Soares mantem a rotina cheia de atividades. "Vou a festas, faço academia. Não paro", conta ela.

Expostas na mesa da sala, estão as lembranças de outros carnavais. Panfletos, fotos, prêmios, pasta com letras de músicas, recortes de jornais. No meio de tantos objetos cheios de história, um pequeno gravador analógico de fita se destaca. O que parece mais uma recordação traz o futuro. É nele que Soares grava as composições e depois passa para o papel. A inspiração? Está na rotina, na mulher, nos amigos, no noticiário. “Um dia, meu amigo me chamou para tomar uma cervejinha. Aí eu disse que não poderia, porque tinha de cuidar do neto. Aí meu amigo disse: ‘Pô, virou babá?’. Fiquei com essa frase na cabeça e veio o samba”, conta. Em seguida, Soares emenda a música: “Depois de velho, eu virei babá, tomando conta de criança para não chorar. Meu Deus, que sina é essa? Que eu tenho de falar, depois de tanta idade, o vovô ficou gagá”, canta. 


Carioca, Soares veio para Brasília transferido pela Aeronáutica. Passou a maior parte da carreira cedido ao Palácio do Planalto. Amante de samba e morador do Cruzeiro, integra a Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (Aruc), mas foi no Pacotão que as suas marchinhas ganharam mais destaque. Inclusive, tem candidata pronta para 2018, guardada a sete chaves para ninguém copiar. Entre as letras mais recentes, estão a que fala da lei seca e a do acidente de avião que vitimou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki.  

Sobre os 80 anos de vida, o resumo também vem na forma de marchinha. “Eu não sou velho, não sou. Nem acabado eu sou. Eu topo tudo que vier. Enquanto o coração bater, o meu papo é mulher. Velho, para mim, não existe. A idade é você que faz. Hoje, eu me sinto mais jovem do que o tempo em que eu era rapaz”.

 

Festas e academia

 

Como canta Soares, a nova geração de idosos do século 21 está mostrando que estar na chamada terceira idade não significa ser velho. A vitalidade, os planos, a descoberta de hobbies depois dos 60 anos fazem com que a sensação de velhice esteja cada vez mais distante. Os idosos são 15% da população. Daqui a 20 anos, a previsão é a de que esse número dobre. E, segundo a Organização Mundial de Saúde, por volta de 2025, pela primeira vez na história, haverá mais idosos do que crianças no planeta.

O corpo menos ágil não é mais desculpa para ficar parado. Se a saúde parecia frágil e deixava o idoso mais caseiro, agora ele busca qualidade de vida com exercícios, alimentação e mais acesso à medicina. Esse perfil da terceira idade não para de crescer. Marilene Soares Nascimento, 68 anos, é casada com Soares. Ela comenta que a mãe morreu aos 56 anos. “Minha mãe era mais idosa do que eu agora. Muito mais comedida, caseira. Hoje, eu vou a festas, faço academia. Não paro”, comenta. 

A mineira Vanilda Alves da Silva Dias, 70 anos, compartilha da mesma sensação de Marilene. “Minha vó, eu conheci doente. A minha mãe era muito caseira e dengosa. Eu, depois dos 60 anos, descobri um novo hobby: viajar. Eu tenho perspectivas, planos. Isso proporciona a minha longevidade”.
Marlene Pinto Cerqueira tem 83 anos, mas redescobriu a vida aos 60: viagens frequentes e ida a barzinhos com amigos

Marlene Pinto Cerqueira está com 83 anos e é só planos. Para ela, a terceira idade tem um significado especial. “Eu percebi que passei pela vida e não estava vivendo”, comenta. Foi depois dos 60 anos que ela conheceu vários países da Europa, viajou pelo Brasil e descobriu a paixão pela Costa do Sauípe (PE). “Antigamente, as velhinhas só faziam crochê e iam pra missa. Eu até gosto de fazer os dois, mas no seu tempo e não só isso”, complementa. 

Aos 60 anos, Marlene se redescobriu e não entende o espanto das pessoas com a proatividade que a nova terceira idade tem. Gosta de contar sobre a ida aos barzinhos com os amigos. Após perder um filho, o marido, mãe, pai e irmãos, se conhecer melhor foi o fôlego necessário para seguir em frente e perceber que ainda havia muito o que viver. “Tudo o que eu fiz de bom foi depois de mais velha”. Ela descobriu o gosto por cantar, a liderança para organizar eventos, como festas e bingos — e uma capacidade empresarial incrível. O seu maior desafio é tocar uma associação de idosos no Cruzeiro. Marlene está no cargo há 19 anos e nenhum colega se habilita a tirá-la do posto.

Por causa da associação, Marlene teve que se reinventar. Antes restrita ao ambiente doméstico e sem trabalhar fora de casa enquanto mais jovem, ela aprendeu noções empresariais — como contabilidade, pessoa jurídica e organização de eventos. “Cuidar daqui me estimula.” Graças ao trabalho, aprendeu a mexer no computador, e o WhatsApp virou uma ferramenta fundamental.

Marlene não para: enquanto organiza o salão para receber palestras, fica de olho se o lanche está bem servido e dá atenção para cada colega que chega. Na última quarta-feira, recebeu agentes do Detran que faziam uma palestra sobre como os idosos devem se portar no trânsito como pedestres e motoristas. A preocupação com o bem-estar social vai além da comunidade que ela cuida. “Agora mais do que nunca eu voto todos os anos, embora não seja obrigatória. Mas veja bem: eu estou mais experiente e me sinto com mais capacidade para votar".

Fonte: Correio Braziliense

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Livro de Receitas do Hospital A.C. Camargo

Um importante caminho para a prevenção do câncer e outras doenças é ter hábitos de vida saudáveis. Por meio da união dos preceitos nutricionais e das técnicas gastronômicas, o Serviço de Nutrição e Dietética do A.C.Camargo Cancer Center busca conscientizar, de forma criativa, sobre a importância da alimentação para a saúde das pessoas.

A Oficina de Culinária tem por objetivo resgatar o prazer da alimentação e proporcionar a cada participante uma experiência diferente ao tocar, sentir o aroma e degustar receitas elaboradas.
 
As receitas dispostas nesse livro dão dicas de como aproveitar o máximo de cada alimento, abordando temas voltados não somente à prevenção do câncer, mas também ao controle de diabetes, hipertensão, intolerância ao glúten e à lactose, entre outros.

O A.C.Camargo acredita que o indivíduo recebe um estímulo na hora da refeição e, por isso, procura oferecer um momento de alegria e prazer.

Bom apetite!

 
Clique na imagem abaixo para fazer o download deste livro: 

Iniciar Download

Fonte: A.C.Camargo Cancer Center

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Internet com Responsa +60”: esse guia foi feito pra você!

O guia traz recomendações sobre como usar a internet com responsabilidade e segurança e pode ser baixado no seu computador gratuitamente.

O vídeo abaixo, apresentado por Kelli Angelini, do NIC.br, mostra as principais recomendações do guia “Internet com Responsa +60”.


"Será que eu posso revelar as minhas senhas de internet para meus amigos? Se eu ofender alguém no Facebook ou no WhatsApp sofrerei alguma consequência? E se alguém me ofendeu ou se passou por mim nas redes sociais, a quem posso recorrer?”


CLIQUE AQUI e Baixe (Faça o Download) agora do Guia Internet com responsa +60

Estas são perguntas que muitos jovens – e, hoje em dia, milhares de pessoas com mais de 60 anos – se fazem todos os dias. Isso porque a “moçada” com mais de 60 já soma mais de 25 milhões pessoas, e 66% desse grupo usa a internet. Pesquisa do instituto Nielsen IBOPE aponta que o tempo de uso da internet entre os idosos brasileiros é 74,4% maior que entre os jovens.

Internet com responsa +60

Preocupados com essa nova realidade, o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), em parceria com o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto Br (NIC.br) e SaferNet Brasil, lançaram no último dia 18 de setembro um guia que aborda os cuidados e responsabilidades no uso da internet que as pessoas com mais idade devem ter em evento que contou com a participação do Portal Terceira Idade.

O guia “Internet com Responsa +60”, que responde a todas as perguntas acima e traz dezenas de recomendações sobre como usar a internet com segurança, pode ser baixado no seu computador gratuitamente clicando na figura abaixo. Se desejar, você pode imprimir o guia em sua impressora para consultas futuras.

O vídeo acima, apresentado por Kelli Angelini, do NIC.br, mostra as principais recomendações do guia “Internet com Responsa +60”.

Internet: use com moderação!



Fonte: Portal da Terceira Idade

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Crescimento da população de idosos abre debate sobre moradias do futuro

SÃO PAULO - A humanidade vem superando obstáculos e evoluiu para uma vida mais saudável e longeva. Esse aumento da expectativa de vida está forçando a quebra de paradigmas. O primeiro deles, pilar para a construção dessa sociedade mais inclusiva, é o de moradia. Os idosos do mundo todo querem independência da família para tomar a decisão de morarem sozinhos ou em grupos.  

Independência. Antonio e Anna, 91 anos, gostam de manter a autonomia no
condomínio onde moram Foto: Daniel Teixeira/Estadão
As implicações sociais, estruturais e econômicas de uma sociedade mais sênior pautaram a primeira edição do Fórum de Moradia para Longevidade, evento organizado pelo Estado em parceria com o Sindicato da Habitação (Secovi) e a Aging Free Fair, feira sobre o mercado para a terceira idade.  

Todos os gargalos e possíveis soluções para a criação de modelos de moradias que atendam as necessidades do idoso foram largamente discutidos por especialistas e profissionais, da esfera público e privada, num encontro que reuniu centenas de pessoas em São Paulo. 

"O País precisa de uma política nacional de habitação para idosos. Não podemos ignorar que a população acima dos 60 anos está crescendo."
~
Ricardo Coutinho, governador da Paraíba
O Brasil não escapa desse cenário. A população madura do País representava 22,3 milhões de pessoas quando a última pesquisa IBGE sobre o tema foi publicada, em 2011. As projeções e estatísticas endossam a necessidade ampliar as discussões , os debates e as ações relativas a inclusão dos futuros idosos em um planeta cada vez mais populoso, sem tempo e tecnológico. 
"Tem namoro, tem fofoca, tem senhoras competindo para saber quem está mais elegante, mas isso é vida, é melhor do que ficar em casa com a cuidadora."
~ Ricardo Soares, da Brazil Senior Living
Nos anos 70, as 10 maiores cidades do mundo somavam 114 milhões de pessoas. Em 2025, abrigarão 234 milhões. Até lá, segundo um estudo da consultoria McKinsey, mais de 130 centros urbanos vão se tornar megacidades (aquelas com mais de 10 milhões de habitantes). O envelhecimento da população e a expansão das megalópoles está multiplicando os problemas da sociedade. Por outro lado, esse contingente sênior, concentrado em grande maioria em centros urbanos, tem muito a contribuir.

Os habitantes também parecem ser uma fonte de ideias inovadoras para melhorar a qualidade de vida. A paisagem urbana, assim como a forma que a sociedade lida com a velhice, tende a mudar. Alternativas sustentáveise inclusivas, já são realidade, inclusive no Brasil.
"Quem não tiver estratégia para o seu envelhecimento vai fazer parte da estratégia de alguém."
~ Sérgio Mühlen, professor da Universidade de Campinas e membro da Associação da Vila Conviver

Fonte: Estadão

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Longevidade Exige Planejamento Antes e Depois da Aposentadoria

Segundo o presidente da BrasilPrev, saída é ter mais disciplina, guardar mais dinheiro e começar o mais cedo possível.

A maior longevidade dos brasileiros vai exigir maior economia para arcar com gastos maiores, ao mesmo tempo em que os juros mais baixos vão reduzir os ganhos das aplicações, tornando mais difícil acumular os recursos necessários para a velhice.

O alerta é do presidente da BrasilPrev, Paulo Valle, durante o Congresso da Planejar, Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. A saída será ter mais disciplina, guardar mais dinheiro e começar o mais cedo possível, alerta.



Segundo Valle, que também participa da Federação Nacional de Previdência e Vida (Fenaprevi), é preciso fazer um bom planejamento dos gastos ao longo da vida, levando em conta também que os hábitos de consumo mudam com o passar dos anos.

“Antigamente se consumia café em grão, depois moído, e hoje compramos cápsulas de café que custam R$ 2,00, para tomar em casa”, cita. Isso tudo tem de entrar no planejamento futuro e nas economias.

Além disso, há o aumento dos gastos com saúde com o avanço da idade. “Cerca de 80% dos gastos com saúde ocorrer nos dois últimos anos de vida”, afirma Luciano Snel, presidente da Icatu Seguros. “Por isso é preciso ter algum seguro-catástrofe saúde na velhice”.

O setor de previdência privada tem algumas sugestões para compensar esse aumento da longevidade. A principal é estimular as pessoas a guardar dinheiro mais cedo, com mais disciplina, o que passa por investimento maciço em educação financeira e na melhora dos produtos de previdência privada. “Nosso setor de previdência privada ainda é muito jovem, ainda pequeno, mas já tem de se modernizar, ganhar escala”, diz Vale.

“O desafio é que, assim como as pessoas fazem um check-up anual para verificar a saúde, façam também um check-up anual financeiro, que funcione como um gatilho para reorganizar as despesas e as economias para o futuro”, acrescenta Snel.

Um dos “empurrõezinhos” para essa preocupação com a aposentadoria, além da educação financeira, é a própria discussão da reforma da Previdência Social pública, acrescenta Snel.

“A reforma da Previdência é um fator que despertou muito a atenção para a questão da necessidade de a pessoa guardar dinheiro para a aposentadoria”, afirma o empresário.

 

Melhorias nas regras dos planos de previdência

Entre as melhoras estariam mudanças na legislação dos planos corporativos, que hoje não permitem a pequenas empresas abaterem as contribuições feitas para os funcionários em planos de previdência do imposto a pagar.

“Quem paga o Simples ou por lucro presumido não tem vantagem em contribuir para o funcionário, e deixamos um enorme número de trabalhadores sem essa poupança”, diz Valle. A estimativa é que 41% dos trabalhadores sejam funcionários dessas pequenas e micro empresas.

Outra medida seria dar incentivos maiores para planos individuais, cujos incentivos, como abatimento do imposto e alíquotas menores poderiam ser ampliados. Há propostas até de zerar o imposto nas aplicações superiores a 20 anos. “Além disso, é preciso criar incentivos para os autônomos, que não têm o benefício de abater as contribuições do imposto de renda como os assalariados”, diz.

Valle diz que o setor deve incentivar cada vez mais estratégias comportamentais para estimular a adesão a planos de previdência. É o caso da adesão automática.

“Em vez de o funcionário fazer a opção de aderir ao plano, a empresa já o inscreve e, se ele não quiser, tem de se manifestar para sair”, diz. Essa estratégia vence uma barreira psicológica da inércia das pessoas de começarem a poupar com compromisso de longo prazo. “Na Inglaterra, essa medida simples fez a adesão aos planos de previdência crescer de 2012 a 2016 de 47% para 64% e, na Nova Zelândia, de 17% para 71%”, diz.

Além da adesão automática, Valle sugere a varredura automática, que prevê que se o empregado sair do plano de previdência, após três anos, ele é novamente inscrito automaticamente.

“Há ainda outras ferramentas que podem incentivar a pessoa a guardar mais, como a escalação automática, que vai aumentando a contribuição do plano à medida que a idade e a renda avançam”, diz.

 

Custo ainda elevado da previdência privada

O custo dos planos de previdência no Brasil ainda é alto, afirma Celso Rosa, CFP, planejador financeiro da AXA Advisors nos Estados Unidos, especialista em aposentadoria e patrimônio imobiliário.

“O Brasil precisa melhorar muito o custo de carregamento, que é bem mais alto que o americano e obriga o investidor a guardar mais”, explica. Segundo ele, parte desse custo vem do tamanho do mercado, ainda pequeno, e da carga tributária, que é mais alta no Brasil.

“É difícil termos produtos semelhantes aos americanos aqui, mas essa é uma realidade que temos também em outros países, como na Europa”, diz. Ele alerta que, com a longevidade, outros problemas precisam ser levados em conta, como a perda de capacidade cognitiva das pessoas. “Há casos de parentes e até profissionais que se aproveitam da senilidade dos idosos para tirar proveito financeiro delas”, diz.

 

Previ-Saúde volta a ser discutido com o governo

Está em discussão com o governo também o projeto de criar um plano de previdência vinculado à despesas médicas. “Retomamos o assunto com o Executivo de criar um Previ-Saúde, que permitira abater as contribuições e depois o resgate do dinheiro para pagamento de despesas médicas seria isento de imposto sobre o rendimento”, afirma Paulo Valle.

Poderiam ser criados PGBLs e VGBLs com essas características que, segundo Valle, que já foi secretário do Tesouro Nacional, teriam pouco impacto fiscal.

“Hoje os gastos de saúde já são dedutíveis, não haveria grande perda e isso permitiria a criação de uma poupança de longo prazo vinculada que será muito significativa no futuro, com oaumento dos gastos médicos”, explica.

 

Risco de sobrevivência

Um dos desafios do planejamento financeiro é o chamado risco de sobrevivência, ou seja, o risco de o dinheiro guardado para a aposentadoria acabar antes de a pessoa morrer. Esse risco existe em qualquer lugar do mundo, e não há uma fórmula exata para evita-lo. A crise do subprime de 2008, que devastou as bolsas americanas e reduziu a pó as economias de muitos americanos, é um exemplo desse risco.

“É impossível prever o que vai acontecer daqui 30 anos, mas podemos dizer que a disciplina de guardar é mais importante que qualquer conselho de estratégia que se possa dar”, afirma Valter Police Junior, planejador CFP. “Isso reforça nosso papel de educador dos consutores”, diz.

A disciplina é o principal ponto levantado pelos americanos que conseguiram passar pela crise de 2008, diz Luciano Snel, presidente da Icatu Seguros.

“Questionados sobre o segredo de conseguir manter as economias, eles não falaram de estratégias de investimento ou mercados, mas de disciplina para guardar”, diz. Outro ponto é a visão desses aposentados americanos sobre sua própria situação. “Eles veem essas quedas dos valores das ações não como perdas, mas uma transferência de renda da geração atual para a próxima, que poderá comprar os papéis mais barato”, afirma.

 

Investimentos pós-aposentadoria

Snel chama a atenção também para o fato de que, com a longevidade, as pessoas precisam ter estratégias para investir o dinheiro depois da aposentadoria.

“Se uma pessoa se aposenta com 65 anos e vai viver até 90 anos, ela precisará aplicar esse dinheiro por 20, 25 anos, então temos um horizonte de longo prazo que permite uma boa diversificação”, diz. Pode-se por exemplo pensar em aplicações mais agressivas, de maior risco, como ações, para parte do dinheiro, com um horizonte de 20 anos.

 

Renda vitalícia, parte fundamental

Outro ponto importante é a renda vitalícia, que tem de fazer parte de qualquer plano de aposentadoria, afirma Valle. “Hoje pouca gente opta por transformar o plano de previdência em renda porque tem medo de morrer amanhã e deixar o dinheiro para o banco”, diz. “Ela tem um papel importante, não para todo o dinheiro, mas é uma parte fundamental do planejamento”, explica.

Uma alternativa é que uma parte dos recursos seja transformada em renda vitalícia e a outra parte seja resgatada aos poucos pelo investidor. “O ideal é ter um leque de opções, um pouco de renda vitalícia, um pouco de resgates”, diz, lembrando que as mudanças aprovadas recentemente pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) permitem usar mais de uma forma de conversão dos planos de previdência privada no vencimento, começando com resgate e depois permitindo converter o valor em renda vitalícia. Nos Estados Unidos, há hoje US$ 2 trilhões investidos em renda vitalícia, afirma Carlos Rosa, da AXA.

 

Renda vitalícia com desconto

Já Snel diz que uma boa estratégia seria comprar a renda vitalícia logo na aposentadoria, aos 65 anos, para ser usada mais adiante. “Se a pessoa pensa que pode viver até os 90, compra a renda vitalícia aos 65 mas válida só a partir dos 80”, explica.

“Como nessas condições há uma chance de 50% de a pessoa não chegar aos 90, a seguradora cobrará um valor menor, até 15% mais barato que se a pessoa comprasse a renda vitalícia aos 80, e com isso o investidor paga mais barato”, diz. Outro conselho de Snel é que a pessoa faça um seguro de vida como planejamento fiscal e para garantir a tranquilidade da família.

“O seguro de vida não entra no inventário, é liberado imediatamente e pode ser usado pela família para se manter ou para pagar as custas dos processos, que podem levar anos até a liberação do espólio”, diz.

 

Consultoria tem de melhorar

Diante de todas essas alternativas, porém, é preciso que o setor de previdência privada tenha uma boa evolução também na parte de consultoria ao investidor, diz Paulo Valle.

“Temos maneiras diferentes de montar essas estratégias, com mais renda vitalícia ou mais renda diferida, por isso é preciso ter uma boa consultoria que ajude o investidor não apenas a escolher um plano de previdência, mas a organizar sua vida, e isso inclui bastante educação financeira”, diz. “Hoje isso ainda precisa melhorar muito nessa parte de consultoria”, admite.

Ele lembra que a educação financeira é fundamental pois, diferentemente de outros setores, a previdência privada precisa fazer o cliente atingir seus objetivos. “Criamos um relacionamento que pode durar 40, 50 anos e temos esse compromisso com investidor de ele atingir os objetivos”, diz.

Este conteúdo foi originalmente publicado na Arena do Pavini.